sábado, 9 de outubro de 2010

Para Marilena Chauí, segundo turno não pode se tornar 'plebiscito sobre aborto'

Em ato pró-Dilma em São Paulo, a professora de filosofia da USP sugere que petistas deixem de atender à mídia


 A filósofa Marilena Chauí fez palestra nesta sexta-feira (8), ao lado de intelectuais e membros do corpo docente da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (FDUSP) em um ato organizado para defender a candidatura da governista para a Presidência da República. Ela afirmou que o monopólio da imprensa no Brasil transforma a mídia em um agente antidemocrático e que a disputa não pode se tornar em um plebiscito sobre o aborto, baseado em boatos.
A maioria dos participantes usou seu espaço de discurso para, além de diferenciar os projetos de governo dos candidatos, fazer críticas ao comportamento da imprensa.
Marilena Chauí defendeu que lideranças de esquerda e do PT deixem de atender jornalistas da imprensa convencional, em uma espécie de boicote a pedidos de entrevista. "Para defender a liberdade de expressão é preciso não falar com a mídia", propõe Marilena Chauí. Ela acredita que a mídia dá espaço para figuras do partido e de movimentos sociais apenas para "parecer plural", mas promovendo um "controle de opinião" sobre o que é publicado.
A professora aludiu ao caso da dispensa da colunista Maria Rita Kehl pelo jornal O Estado de S. Paulo. "A democracia não é simplesmente um regime da lei e da ordem", explicou, defendendo que é necessário haver diversidade de opinião na mídia. A professora esclareceu que não se pode permitir que três ou quatro famílias mantenedoras dos meios de comunicação pautem a agenda política do Brasil.
"Temos que impedir que o segundo turno das eleições se torne um plebiscito nacional sobre o aborto", definiu. Para ela, a cada semana é definida uma nova temática para o debate político – se referindo às discussões eleitorais levantadas recentemente, como a da liberdade de imprensa e a da religião.
O ato abordou questões referentes ao segundo turno das eleições. Sobre a definição do apoio do PV a José Serra (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT), o professor de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito Otávio Pinto e Silva ironizou: "Serra não precisa do PV, ele já tem o 'PVeja'". A referência à revista semanal da Editora Abril. Recentemente, Reinaldo Azevedo, colunista da Veja, assumiu a posição para a imprensa como partido de oposição no país. Para o professor, a mídia jogou a favor do candidato tucano nesta campanha.
A necessidade de garantir espaço para a diversidade de opiniões foi defendido também pelo deputado federal reeleito pelo PT de São Paulo Paulo Teixeira: "Defendemos uma democracia com liberdade de imprensa e liberdade de opinião; nós queremos diversidade de opinião na imprensa brasileira". Para o ele, o governo nunca quis censurar a imprensa. "Isso nunca esteve no nosso horizonte", afirmou.


Por: Guilherme Amorim
Fonte:Rede Brasil Atual.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A epopéia de Eliza

Imagine-se assistindo a uma tragédia grega escrita por um grande dramaturgo. O palco pode ser Atenas no século III a.C. ou o Rio de Janeiro em 2010. A personagem principal é uma mulher que se apaixonou por um homem casado. Seu dilema, suas experiências e o desenrolar dessa história formam a trama da peça.

Na sociedade em que Eliza – ela se chama Eliza – vive, é comum que homens comprometidos tenham relações extraconjugais. Às mulheres isso não é permitido, claro. Afinal, lá as leis de propriedade são bem claras: o dono pode fazer o que quiser, cabe ao escravo, à mulher ou ao animal obedecer-lhe, ser fiel e servi-lo quando exigido. Não são considerados cidadãos, portanto não têm direitos.

Mas em determinado momento – no segundo ato, para ser mais precisa –, nossa personagem engravida. Isso ocorre ainda no início do romance entre eles. A questão se torna então muito mais complicada: segundo as leis não escritas, tudo bem o homem pular a cerca, mas sem grandes conseqüências como destruir um casamento ou, pior ainda, deixar um herdeiro!

A choradeira ganha força no palco. O coro entoa o ódio da esposa traída. Eliza aparece no canto direito da platéia, já com seu ventre crescendo.

O goleiro, ops, o marido, é um homem público proeminente e decide dar um basta naquilo. Não teria como arcar com tamanho escândalo moral. Não queria ser responsável por seus atos. Ele resolve forçar a jovem a interromper a gestação.

Entra em cena um observador da história, que coloca a seguinte dúvida: “– Ué, mas isso não era crime? Pode fazer aborto no Brasil?”

Persuadida, Eliza toma a poção feita pelos oráculos, mas por sorte o remédio não tem efeito. Ela de fato queria a criança. Os deuses devem ter ouvidos suas preces.

A narrativa avança no tempo e, alguns meses depois, o neném nasce, amparado pela família de Eliza. Ela decide que o goleiro precisa conhecer e reconhecer seu filho. Torna pública a questão e pede auxílio às autoridades locais. Era um menino, um varão, um cidadão! Algo seria feito, sem dúvidas.

Mas Eliza tinha ido longe demais. Seu ex-amante, que antes a amava, planeja em detalhes seu assassinato. Era a única forma de não tê-la mais importunando a sua vida. Uma história dessas poderia, afinal, impedir sua ascensão profissional, comprometer sua imagem e, pior ainda, dilapidar sua fortuna crescente.

Achava que ninguém daria falta dela. Era, afinal, uma mulher sem grande notoriedade. E de fato, o apelo aos sábios e à força da lei ainda não tinha surtido efeito. Tinha que aproveitar a oportunidade.  Pediu ajuda a alguns amigos e tentou não se envolver diretamente na ação.

Daí para frente, as cenas são de horror: Eliza é seqüestrada, mantida em cárcere privado, espancada. Por fim, é morta e esquartejada. Seus restos são oferecidos a Cérbero, guardião do reino de Hades.

O coro entra no final com a lição de moral da história: Eliza foi longe demais para uma mulher. Apaixonou-se de forma livre, engravidou do homem errado, não aceitou suas ordens. Morreu, como deveria ser.


***

O texto lhe pareceu absurdo demais?  Bem, ele pode ser resumido em algumas poucas palavras: pelo menos desde a Grécia Antiga a mulher é considerada pela sociedade (machista) inferior ao homem, de onde decorre todo o tipo de preconceito e discriminação. Entre elas, a violência física e o assassinato. De Sócrates a Bruno, a triste verdade é que Eliza é apenas mais uma personagem dessa epopéia feminina.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Plebiscito consultará sociedade sobre limite de propriedade de terra

Você acha que deveria haver um limite para propriedade de terra no Brasil? Entre os dias 1º e 7 de setembro deste ano, a sociedade brasileira terá a oportunidade de responder a essa pergunta através de um plebiscito popular. A iniciativa, promovida pelo Fórum Nacional Popular pela Reforma Agrária e Justiça no Campo juntamente com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pretende indagar a população se há necessidade de limitar ou não as propriedades de terras.
Diversas organizações e entidades sociais já começaram a se articular para preparar a consulta. De acordo com Luiz Cláudio Mandela, coordenador colegiado da Cáritas Brasileira, 72 entidades de diferentes regiões já participaram de um primeiro plenário sobre o assunto. "23 estados já estão participando [da organização] e os outros começam a se articular", afirma.
A ideia é, até setembro, conscientizar e mobilizar a população brasileira sobre a importância do limite de propriedade de terras. "Queremos dialogar com a sociedade sobre a concentração de terras no Brasil. Isso interfere na estrutura política, social, geografia e econômica do país", destaca.
Enquanto o dia da consulta popular não chega, os interessados em participar da Campanha já podem assinar e divulgar o abaixo-assinado em apoio à proposta de emenda à Constituição que limita a área da propriedade de terra no país. "As pessoas já podem levar a folha do abaixo-assinado para debates sobre o assunto e assinar", comenta.
De acordo com Mandela, para torna-se um projeto de lei de iniciativa popular, são necessárias, no mínino, 1,5 milhão de assinaturas, meta que pretendem superar. "Mas a expectativa é que esse número no plebiscito seja muito maior. Queremos que ele seja como os outros, como o da Dívida [em 2000], que contou com seis milhões de votos, o da Alca [Área de Livre Comércio das Américas - realizado em 2002], que teve mais de dez milhões", acrescenta.
Desta vez, o plebiscito irá propor à sociedade um limite de 35 módulos fiscais para as propriedades de terras rurais. A intenção é que essa limitação esteja prevista na Constituição Federal. Segundo informações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), módulo fiscal é a unidade que "serve de parâmetro para classificação do imóvel rural quanto ao tamanho". A Lei nº 8.629, de fevereiro de 1993, considera grandes propriedades imóveis acima de 15 módulos fiscais.
De acordo com a Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade da Terra, a inclusão na Constituição do limite das propriedades de terras em até 35 módulos fiscais "resultaria numa disponibilidade imediata de mais de 200 milhões de hectares de terra para as famílias acampadas, sem despender recursos públicos para a indenização dos proprietários".
O plebiscito acontece nacionalmente durante o Grito dos Excluídos, na primeira semana de setembro. Mais informações: http://www.limitedaterra.org.br/index.php

sexta-feira, 14 de maio de 2010

83,9% de mentiras!


Em recente pesquisa, o prefeito de Guanambi, Nilo Coelho (PSDB), aparece com uma aprovação de 83,9% do primeiro ano de seu segundo mandato. Veja: http://www.faroldacidade.com.br/?lk=4&id=15917

Basta ver o nosso município e conversar com os cidadãos no dia-a-dia para perceber que tal número é, no mínimo, exagerado.

Admitimos, Nilo Coelho, de fato, 83,9%.

De mentiras.

Fonte: Blog Guanambi revolução  http://guanambirevolucao.blogspot.com/

domingo, 9 de maio de 2010

Bolsa Família aumenta aprovação e reduz evasão escolar

Estudantes cujas famílias recebem dinheiro do Bolsa Família apresentam melhores índices de aprovação e menores índices de abandono escolar do que os demais alunos da rede pública. Segundo reportagem publicada hoje pelo jornal Valor, esse é o principal resultado revelado pelo cruzamento de informações entre o Educacenso e o Sistema Presença, do Ministério da Educação, que verifica se os filhos dos beneficiários do Bolsa Família vão à escola.
Dados cedidos ao jornal pelo MEC informam que, dos 500.000 alunos do ensino médio de 16 e 17 anos que recebem o Bolsa Família, 81,1% passam de ano, enquanto a taxa de aprovação média dos mais de 7 milhões de jovens do censo escolar de 2008 no antigo colegial é de 72,6%. O índice de abandono da escola nesse ciclo educacional não passa de 7,2% entre os beneficiários de transferência de renda do governo, enquanto chega a 14,3% entre o total de estudantes contabilizados pelo Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão de estatísticas do MEC.
O Valor destaca ainda que, no ensino fundamental, que concentra mais de 30 milhões de crianças matriculadas da 1ª à 8ª séries, a taxa de evasão dos mais de 9 milhões de alunos beneficiários do Bolsa Família é de 3,6%. O restante dos estudantes dessa etapa apresenta índice de 4,8% de abandono da escola. Em termos de aprovação, os alunos do ensino fundamental que não recebem apoio social têm melhor desempenho, com taxa de 82,3%, ante média de 80,5% daquelas crianças cujos pais recebem recursos federais.
Daniel Ximenes, diretor de estudos e acompanhamento das vulnerabilidades educacionais do MEC, disse ao jornal que a diferença de desempenho – em termos de frequência e rendimento – está diretamente relacionado com os benefícios do Bolsa Família recebidos pelas famílias pobres.
“A transferência de renda condicionada provoca alerta e cobrança por parte dos pais e reforça o desafio de fazer as crianças permanecerem na escola com maior regularidade. No longo prazo, isso ajuda a corrigir trajetória ruim no processo educacional brasileiro entre crianças e jovens da turma da pobreza”, afirma Ximenes.O mais recente monitoramento de frequência escolar do Bolsa Família, referente aos meses de fevereiro e março, mostra que 95% dos 14,117 milhões de crianças e jovens beneficiários com identificação escolar cumprem a regra de frequência exigida pelo programa. Aponta também que 276,9 mil alunos estão abaixo da exigência e 322,9 mil sequer têm um registro de frequência, totalizando quase 600 mil crianças em situação irregular.
Nesse caso, os beneficiários podem ser punidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social, que coordena o programa. Para receber o benefício do Bolsa Família em dia, uma das condicionalidades é que os pais matriculem os filhos na escola. Os alunos de até 15 anos precisam manter participação de, no mínimo, 85% das aulas a cada mês. A determinação para adolescentes de 16 e 17 anos é de frequência a pelo menos 75% das aulas.

domingo, 25 de abril de 2010

A Universidade dos trabalhadores do MST pede socorro

O jornal Le monde diplomatique Brasil desta semana, ano3,número 33, página 33, publicou nota de apoio a Universidade dos trabalhadores: Florestan Fernandes.
A possibilidade de fechamento e interrupção das atividades da escola, por falta de fundos, provocou a criação, em dezembro de 2009, da Associação dos Amigos da Escola Florestan Fernandes, a partir da iniciativa de um grupo de intelectuais, professores, colaboradores e militantes. A associação ajudará a escola a promover uma série intensa de atividades para angariar fundos e convida todos a contribuir com essa iniciativa.  Para obter mais informações sobre como participar e contribuir, sugere-se procurar a secretária executiva Magali Godoi através dos telefones: (11) 3105.0918/6517- 4780 ou pelo e-mail.  associacaoamigos@ enff.org. br. Os recursos são destinados às atividades da escola ou eventualmente trabalhadores- as na organização de atividades para coleta de fundos (por exemplo: seminários, mostras de arte e fotografia, festivais de música e cinema).

A Universidade é uma conquista dos trabalhadores brasileiros; foi construída ao longo de cinco anos de trabalho voluntário e inaugurada em 2005, em Guararema, São Paulo. A Universidade oferece cursos de nível superior minstrado por mais de 500 professores para as áreas de Filosofia Política,  Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos Latino-americanos. Os recuros para a construção foram obtidos com a venda do livro TERRA (textos de José Saramago, músicas de Chico Buarque e fotos de Sebastião Salgado), contribuições de ONGs europeias e doações.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Comparação entre Governo Lula e FHC

Vejam os indicadores sociais e econômicos publicados pelo Jornal “The Economist” em meados de 2009.
The Economist publicou!

Situação do Brasil antes e depois: Itens
Nos tempos de FHC
Nos tempos de LULA
Risco Brasil
2.700 pontos
200 pontos
Salário Mínimo
78 dólares
210 dólares
Dólar
Rs$ 3,00
Rs$ 1,78
Dívida FMI
Não mexeu
Pagou
Indústria naval
Não mexeu
Reconstruiu
Universidades Federais Novas
Nenhuma
10
Extensões Universitárias
Nenhuma
45
Escolas Técnicas
Nenhuma
214
Valores e Reservas do Tesouro Nacional
185 Bilhões de Dólares Negativos
160 Bilhões de Dólares Positivos
Créditos para o povo/PIB
14%
34%
Estradas de Ferro
Nenhuma
3 em andamento
Estradas Rodoviárias
90% danificadas
70% recuperadas
Industria Automobilística
Em baixa, 20%
Em alta, 30%
Crises internacionais
4, arrasando o país
Nenhuma, pelas reservas acumuladas.
Cambio
Fixo, estourando o Tesouro Nacional.
Flutuante: com ligeiras intervenções do Banco Central
Taxas de Juros SELIC
27%
11%
Mobilidade Social
2 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza
23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza
Empregos
780 mil
11 milhões
Investimentos em infraestrutura
Nenhum
504 Bilhões de reais previstos até 2010
Mercado internacional
Brasil sem crédito
Brasil reconhecido como investment grade

"O que me preocupa não é o grito dos maus, é o silêncio dos bons.'"

quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Agricultura orgânica é econômicamente viável".

Do portal da Escola Nacional de Saúde Pública

As principais barreiras que limitam a expansão, tanto da oferta quanto da demanda, do mercado dos alimentos orgânicos, motivaram o desenvolvimento da tese de doutorado do economista Wagner Lopes Soares, no Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP).
Além de defender que a agricultura orgânica é economicamente viável, ele avalia os efeitos positivos e negativos provocados pela utilização do agrotóxico; analisa a saúde do trabalhador rural de acordo com as características do uso de agrotóxico nos estabelecimentos rurais; e aponta alternativas econômicas e tecnológicas para sua eliminação, sempre que possível. Wagner foi orientado pelo pesquisador Marcelo Firpo, do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP).
Leia abaixo a entrevista.

Na tese 'Uso dos agrotóxicos e seus impactos à saúde e ao ambiente: uma avaliação integrada entre a economia, a saúde pública, a ecologia e a agricultura', você analisa fatores que influenciam o uso dessas substâncias nas propriedades agrícolas. Fale sobre a importância de reunir todos esses aspectos para abordar um tema que está em evidência.

Wagner Lopes Soares: Sou economista, trabalho no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fiz meu mestrado em economia. Porém, não é comum observarmos uma abordagem das ciências econômicas sobre a questão dos agrotóxicos. Normalmente, o que predomina na literatura serve mais para demonstrar a eficiência desses produtos e do modelo agrícola, que incorpora essa 'modernidade'. Poucos são os trabalhos que abordam, revelam e discutem a questão da ineficiência desses produtos. Certamente, um fator importante para a decisão do uso dessas substâncias é que muitos dos seus impactos sociais são externalizados, ou seja, não refletem em um custo privado para o agricultor quando decide utilizar esses produtos. Quem acaba pagando, quando há trabalhadores intoxicados, contaminações na biota e em recursos ambientais é a sociedade, o que de certa forma acaba incentivando o uso desses insumos por parte do agricultor individual. Em relação à questão do emprego dos agrotóxicos na agricultura e seus efeitos - ou externalidades negativas - à saúde e ao ambiente, podemos dizer que essa tese é inovadora, pois, além de valorá-las, discute o papel de desincentivos econômicos ao uso dessas substâncias e incentivos às outras opções tecnológicas menos nocivas. Na minha dissertação de mestrado também abordei o tema. No entanto, naquela ocasião, o olhar sobre o problema se restringiu a uma visão economicista, simplificada, e que não dava conta de abarcar as várias questões em razão da sua grande complexidade. A lição tirada da dissertação de mestrado sobre a questão dos agrotóxicos é que explorá-la mais exigiria um grande esforço interdisciplinar em diferentes áreas, especialmente da agricultura e da saúde pública.

Sua tese foi defendida no programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP, que traz uma abordagem interdisciplinar sobre as questões relacionadas à saúde e ao meio ambiente, e o tema agrotóxico é bastante complexo. Como foi o desenvolvimento do estudo?

A tese é composta de três artigos sobre o uso dos agrotóxicos e seus impactos à saúde e ao ambiente, e um quarto artigo que aborda, sob o prisma das políticas públicas, alternativas de produção ao modelo agrícola baseado no uso intensivo desses insumos.

O primeiro artigo, "Atividade agrícola e externalidade ambiental: uma análise a partir do uso de agrotóxicos no cerrado brasileiro", publicado no periódico Ciência e Saúde Coletiva, em 2006, teve como objetivo discutir as externalidades negativas associadas ao uso intensivo de agrotóxicos no bioma do cerrado, área em franca expansão da atividade agrícola, em especial da monocultura da soja. O artigo traz uma visão ampla das externalidades negativas provocadas pelos agrotóxicos utilizados na atividade agrícola e a importância das políticas de regulação para internalizá-las no processo produtivo. Nesse artigo, em função da própria base de dados utilizada, procuramos dar ênfase aos impactos ambientais, como é o caso da contaminação do solo e da água pelo uso dos agrotóxicos e fertilizantes.

Quais foram as abordagens dos artigos seguintes?

O segundo e o terceiro artigos mostram como fazer um exercício de valoração desses custos. O segundo passa pela externalidade associada à intoxicação aguda, e apresento dados do IBGE em que estabeleço associações entre a intoxicação e características do estabelecimento rural, por exemplo: se ele usa receituário agronômico ou não, se possui assistência técnica, quem indica o uso do agrotóxico, a quantidade utilizada, a área em que é aplicado, ou seja, uma série de variáveis e as suas relações com a intoxicação aguda do trabalhador rural. A partir daí, conduzimos um estudo que valora os custos sociais associados à intoxicação aguda, condicionando-os às características dos estabelecimentos rurais e comparando-os aos benefícios dos agrotóxicos, obtidos a partir dos ganhos de produtividade. Por meio de um exercício comparativo, avalia-se o quanto benefícios exclusivamente privados chocam-se com os interesses de bem-estar da sociedade como um todo.

Os resultados indicam que os custos com a intoxicação aguda podem representar em torno de 64% dos benefícios dos agrotóxicos, e, na melhor das hipóteses, quando as características de risco dos estabelecimentos encontram-se ausentes, esses custos representam 8% dos benefícios.

Como foi feita essa divisão entre os estabelecimentos com grande risco de intoxicação e os com menor risco?

Quando todos os fatores de risco de intoxicação estavam presentes em um determinado estabelecimento, chamei de Tipo 1, e estimei o custo da intoxicação aguda para esse estabelecimento mais arriscado. Em seguida, fiz o cálculo do custo esperado para um estabelecimento sem esses fatores de risco, o Tipo 2, e fiz o seguinte cálculo: se todos os estabelecimentos do Paraná que produzem o milho fossem do Tipo 1, qual seria o custo agregado para o estado? Esse cálculo se baseia no número de estabelecimentos que produzem milho vezes o custo esperado do estabelecimento mais arriscado. Isso dá um custo para o estado da ordem de US$ 70 milhões para os estabelecimentos do primeiro tipo. Se imaginarmos que esses mesmos estabelecimentos são do Tipo 2, esse custo cairia para US$ 9 milhões, ou seja, uma economia em torno de US$ 61 milhões ao retirar esses fatores de risco.

E a situação dos produtores? Como fica sua relação com esses estabelecimentos?

Ao avaliar os fatores de risco que fazem com que o custo esperado com a intoxicação aumente, observa-se que os mesmos estão relacionados à falta de assistência técnica, à falta de informação sobre a utilização dessa tecnologia, e, nesses casos, quem sofre mais é o pequeno produtor. Ele tem maior risco de intoxicação aguda, apesar de os grandes agricultores serem os maiores vilões, principalmente sob o ponto de vista ambiental.
Os pequenos produtores têm maior risco porque são mais vulneráveis, ou seja, sofrem com a falta de informação, e, na maioria dos casos, o vendedor indica qual agrotóxico ele deve usar no estabelecimento, o que aumenta as chances de intoxicação em 263%. Só para dar um exemplo, na análise que fiz sobre o milho, cultura presente em grandes e pequenos estabelecimentos, 29% dos agrotóxicos utilizados para essa cultura não eram indicados para o uso. Já no caso da soja, em que basicamente há grandes estabelecimentos, esse número caiu para 4%.

O que traz o terceiro artigo?

O terceiro artigo faz o mesmo exercício de valoração, mas incorporo fatores não só do estabelecimento, mas da vizinhança e do entorno, ou seja, fatores do contexto no qual o município se encontra. Um dos fatores mais importantes que consegui articular com toda essa abordagem é que, quando o estabelecimento está em um município que incentiva o uso da agricultura orgânica, o custo esperado cai sensivelmente.

Portanto, quando assumimos um cenário em que há maior risco nos estabelecimentos rurais, verifica-se que para cada dólar gasto com a compra dos agrotóxicos no estado, US$ 1,28 poderia ser gerado em custos externos com a intoxicação. No entanto, essa situação poderia ser revertida, caso certas medidas fossem tomadas, como, por exemplo, a adoção de um programa de incentivo à agricultura orgânica por parte do município, uma vez que reduz as chances de intoxicação no estabelecimento rural em 47%. Tendo em vista os resultados dos dois artigos anteriores, que apontaram, respectivamente: a maior fragilidade do pequeno agricultor aos danos à saúde causados pelo uso agrotóxicos; e um efeito significativo dos incentivos políticos à agricultura orgânica para a redução desses riscos; procurou-se, no último artigo dessa tese, trabalhar a inserção desse pequeno agricultor nesse processo produtivo, reconhecendo alguns elementos teóricos e empíricos que limitam a expansão do mercado dos alimentos orgânicos.

Quais fatores limitam a expansão da agricultura orgânica? Como funciona esse mercado no Brasil?

O Censo Agropecuário de 2006 estima que, dos 5,2 milhões de estabelecimentos existentes, 84% são classificados como familiares e 71% deles são excluídos da agricultura química, ou seja, não utilizam agrotóxico. Esse cenário revela que temos um potencial enorme para expandir a oferta de produtos orgânicos, inserindo esses agricultores nesse tipo de agricultura. No entanto, há barreiras como, por exemplo, o alto preço dos produtos orgânicos, o que acaba limitando por outro lado a sua demanda. A tese identificou uma série de fatores que fazem com que esse preço seja alto, como, por exemplo, o maior custo com mão de obra e a certificação, que onera os produtores, e que por sua vez é repassado para os preços dos orgânicos.

Como funciona a concessão da certificação? Ela é mesmo necessária?

No caso dos produtos orgânicos é difícil avaliar sua qualidade e definir se aquele produto é realmente 'limpo' em termos de resíduo de agrotóxico. O produtor sabe a qualidade do seu bem, mas o consumidor não tem certeza. A idéia da certificação serve para o produtor comprovar que seu produto é de boa qualidade. Temos certificadores nacionais, internacionais, e a certificação gera um custo para o produtor, pois é ele quem paga por isso. O grande problema é que esse custo fere o princípio básico do poluidor pagador, pois quem não polui acaba pagando, o que deveria ser o contrário. O que estou dizendo é que a certificação é necessária, porém injusta. Acaba penalizando o agente econômico errado.

Fora o custo, quais outros fatores interferem na obtenção da certificação?

O último artigo da tese avalia bem esses fatores. Por exemplo, o fato de o estabelecimento ter acesso a crédito, ser familiar e possuir um bom nível de integração ao mercado influenciam na certificação. Além disso, a exportação também é um fator importante, assim como a característica da sua vizinhança. Por exemplo, quando a cultura orgânica é vizinha de estabelecimentos com grandes produções, as chances de certificação diminuem para 7%. Por outro lado, as possibilidades aumentam 359% quando se trata de agricultores familiares mais capitalizados. Mas quando esse estabelecimento familiar capitalizado é vizinho de grandes propriedades rurais, essa porcentagem é reduzida 20%. Logo, não basta ser só familiar. A idéia é isolar o agricultor orgânico mesmo.

De certa forma, pode-se afirmar que é um processo burocrático?

Há certificações e certificações. Depende do grau de exigência, do tipo de certificadora, mas, em geral, se trata de um processo rigoroso. Em minha opinião, ser orgânico não é apenas ser livre de agrotóxicos. Tem uma série de questões embutidas, como o ganho social que ele traz, questões relacionadas à justiça social. Certamente, há externalidades positivas nesse processo para além de questões somente associadas à saúde e ao ambiente.

Em termo políticos, o governo tende a flexibilizar essa questão da certificação. Deverá entrar em vigência, no próximo ano, uma certificação nacional que irá normatizar a questão e também outra modalidade que tornará mais flexível esse processo aos produtores não tão integrados ao mercado. No caso da venda direta dos produtos, os agricultores orgânicos contarão com um sistema participativo de garantias, que é uma espécie de controle social que garante a rastreabilidade, a qualidade da produção e, consequentemente, dá a necessária credibilidade ao produtor, sem exigir a certificação.

Como funciona a demanda em relação aos produtos orgânicos?
A tese também contemplou esse aspecto. Pesquisei uma base de dados do IBGE que analisa as características pessoais do indivíduo que consome alimento orgânico e do seu domicílio. A questão domiciliar é fundamental na tomada de decisão do consumo, já que 91% da variabilidade desse consumo se devem às características domiciliares. O fato de o indivíduo ser gestor do lar também aumenta essas chances, já que ele possui maior autonomia na escolha do que será consumido, assim como o grau de instrução, pois a pessoa mais informada conhece os benefícios desse consumo. Ser mulher também influencia, já que elas possuem maior preocupação com a qualidade do alimento.

Em relação ao domicílio, quanto maior for o número de idosos, menores são as possibilidades de consumo, pois eles trazem hábitos antigos e em geral são mais avessos às mudanças. O acréscimo de uma pessoa no domicílio também reduz o consumo em 77%. Os resultados também mostram que esse consumo está basicamente associado à classe média-alta. Por outro lado, o fator que mais aumenta esse consumo é o fato do domicilio ter consumidores mais éticos e responsáveis com o meio ambiente. Portanto, o desafio é justamente levar informações sobre os benefícios dos orgânicos para além desses consumidores, chamados "verdes", e também para além da educação formal e do nível de rendimento domiciliar.

Em 2008, o Brasil atingiu a marca de maior consumidor de agrotóxicos no mundo. É possível reverter esse quadro?

As políticas de governo do passado tiveram forte influência para chegarmos a esse ponto. Na década de 1970, tivemos um Plano Nacional de Expansão de Defensivos Agrícolas que fornecia subsídios para a compra dos agrotóxicos. Podemos dizer que o grande "adubo" do agrotóxico foi o estado. Hoje, vemos que essa participação foi reduzida, mas que, de certa forma, foi bem suprida na década de 1990 com o papel das grandes empresas multinacionais que entraram no mercado fazendo uma nova forma de financiamento e incentivo ao uso.

O importante agora é fazer o caminho inverso. Os mesmos subsídios e políticas de incentivo devem ser feitos para a produção orgânica, e ao mesmo tempo desincentivos à produção convencional, geradora de externalidades negativas. Na tese, elenco uma série dessas políticas. Convivemos com o despreparo do pequeno agricultor e uma fragilidade institucional enorme na regulação dessas substâncias. O registro de um agrotóxico hoje na Anvisa custa R$ 1.800, enquanto o de um medicamento, por exemplo, custa R$ 80 mil, ou seja, esse custo é irrisório perto das cifras gastas para o controle e seus impactos sociais. O prazo de reavaliação de eficiência do agrotóxico, a partir do momento que ele obteve o registro, é eterno. Tudo isso tem a ver com a força da bancada ruralista no Congresso. A indústria do agrotóxico tem investimentos maciços em pesquisa, enquanto a tecnologia disponível na agricultura orgânica conta com um saber espalhado nas mãos dos produtores, necessitando maior aproximação entre o saber popular e o saber científico. Por outro lado, devemos conscientizar a população, ao demandante, de que a agricultura orgânica é economicamente viável a esse pequeno produtor e socialmente justa.

Fonte: MST

terça-feira, 30 de março de 2010

Carta aberta a Sociedade Baiana.



Salvador, 29 de março de 2010.



CARTA ABERTA A SOCIEDADE BAIANA.



Nós da ACEB, comunicamos a toda sociedade baiana, que fomos procurados por uma estudante do Centro Estudantil Padre Torrend, situado no bairro do Tororó, após ter sido expulsa da Casa de estudante de maneira arbitrária, em total inconformidade com o estatuto da Casa. O grupo de pessoas que expulsou a estudante fechou o canal de diálogo com a ACEB, sem maiores explicações.

O Centro Estudantil Padre Torrend existe desde a década de 1970, sendo uma das Residências estudantis de maior importância pela sua história, tendo várias personalidades de destaque no cenário político e acadêmico, a exemplo do ex- governador Waldir Pires, Claudionor, entre outros. A Casa, que já pertenceu à Igreja Católica, hoje pertence ao patrimônio do Estado, porém a mesma encontra-se em condições estruturais muito precárias, como: moradores não matriculados em Instituições de Ensino, poucas pessoas na Casa (tem hoje 8 e capacidade para 25) e até mesmo sem diretoria. Entendemos que a premissa fundamental para se morar numa Casa como essa deva ser o fato de estudar e, se assim não o for, estará ocupando o direito de muitos outros que realmente querem e precisam estudar, mas não tem lugar para morar quando vêm do interior do Estado. Com isso, temos a responsabilidade enquanto ACEB de defender os direitos dos estudantes quando percebemos que esses estão sendo ameaçados.

Nesse sentido, imbuídos do espírito de solidariedade que deve permear a relação entre as entidades e as pessoas, tornamos público essa situação e solicitamos a colaboração na mediação do conflito entre as partes afetadas e no auxílio à revitalização do Centro Estudantil Padre Torrend.

Sem mais para o momento, agradecemos antecipadamente.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Governador Wagner inaugura Ponte Guimarães Rosa sobre o Rio São Francisco em Carinhanha.

A nova ponte possui uma extensão de 1.098 metros, por 13 metros de largura, contando com um moderno anel rodoviário, permitirá a ligação de Brasília ao litoral baiano, além de abrir horizontes para a implantação de um porto marítimo, significando também a redenção econômica da região, especialmente nos setores da agropecuária e do ecoturismo.
Com presença do governador Jaques Wagner, do ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, autoridades federais e estaduais e diversas lideranças regionais, foi inaugurada no domingo (28), a ponte Guimarães Rosa, ligando os municípios de Carinhanha e Malhada, sob o Rio São Francisco.

Ponte Guimarães Rosa
Essa denominação faz parte de um projeto de lei, elaborado pelo Deputado Zezéu Ribeiro, que homenageia o escritor João Guimarães Rosa, que no romance "Grande Sertão: Veredas" citou o nome de Carinhanha 12 vezes.
A nova ponte construída pela construtora OAS possui uma extensão de 1.098 metros, por 13 metros de largura, contando com um moderno anel rodoviário, é uma antiga reivindicação da população de Carinhanha, Malhada e vários municípios e permitirá a ligação de Brasília ao litoral baiano, proporcionando o desenvolvimento de novo pólo turístico no Estado, além de abrir horizontes para a econômica da região, especialmente nos setores da agropecuária e do ecoturismo.
As obras começaram em setembro de 1990, através de convênio entre o Derba e o ex DNER, por iniciativa do ex-governador e atual prefeito de Guanambi Nilo Coelho, quando esteve à frente do governo da Bahia por alguns meses, substituindo Waldir Pires, porém paralisadas quatro vezes por determinação do Tribunal de Contas da União e por conta de atrasos no repasse de recursos federais. (Informações da Tribuna Popular on line de Guanambi).
Antes da conclusão da ponte, os moradores da região e viajantes utilizavam de uma balsa para fazer a travessia, correndo riscos, com embarcações sem garantia, perdendo tempo e dinheiro, sendo que a curta travessia, a depender do tamanho do veículo, custa de R$ 15 a R$ 90.
 
Fonte: Bahia Já

sábado, 27 de março de 2010

Bolsas de estudos e crédito estudantil

Estudantes de baixa renda que querem cursar o ensino superior mas não têm condições financeiras para arcar com as mensalidades de faculdades e universidades privadas, contam com o Programa Universidade para Todos (ProUni). Criado em 2004, o programa oferece bolsas de estudo integrais ou parciais de 50% aos alunos que atingirem as maiores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em contrapartida, as instituições que participam do ProUni, divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC) durante a época de inscrições, ficam isentas do pagamento do Imposto de Renda, da Contribuição Social sobre Lucro Líquido, do PIS e do Cofins. O programa faz parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e deve contribuir, até 2011, para o acesso de pelo menos 30% dos jovens de 18 a 24 anos ao ensino superior. De 2004 a 2009, o ProUni já atendeu cerca de 540 mil estudantes, sendo 70% deles com bolsas integrais. Apenas no primeiro semestre de 2009, foram oferecidas 156.416 bolsas de estudo, das quais 95.694 integrais e 60.722 parciais. A previsão é distribuir mais de 247 mil bolsas em 2009.
 
Fonte: Portal Brasil.

sábado, 20 de março de 2010

Luiz Carlos Prestes: 20 anos sem o "Cavaleiro da Esperança"


Em 7 de março de 1990, desaparecia da vida cotidiana política do Brasil, o inesquecível Senador Luiz Carlos Prestes, nosso Cavaleiro da Esperança, na homenagem de Jorge Amado, sem dúvida um ícone revolucionário da América Latina e do Mundo.

Sua efetiva atuação histórica começou na década de 20, com a Coluna Prestes – o momento culminante do tenentismo – que reuniu um exército guerrilheiro de aproximadamente 1.500 homens e mulheres, comandados por uma dúzia de oficiais do Exército e da Força Pública de São Paulo, entre os quais se destacava Prestes. A Coluna percorreu 25.000 quilômetros, através de 13 estados do Brasil, derrotando 18 generais governistas, sem jamais ter sido desbaratada, apesar do enorme poderio bélico mobilizado contra ela. Inspirados nos ideais de “representação e justiça”, os “tenentes” batiam-se por conquistas como o voto secreto e pela moralização dos costumes políticos, corrompidos pelo domínio oligárquico em vigor durante a República Velha

O assassinato da companheira de Prestes, Olga Benário, resultado de uma perseguição imposta pelo governo de Getúlio Vargas, que a entregou, com respaldo do Supremo Tribunal Federal, à Alemanha Nazista; as prisões; a clandestinidade; os exílios; a perseguição de vários governos ao Partido Comunista Brasileiro, do qual foi secretário geral por muitos anos - nada disso abalou sua convicção de dedicar sua vida à causa de um mundo melhor para todos. Prestes nos falava que guardava do testemunho de vida de Olga “a lição de que o ser humano resiste a qualquer provação com dignidade, quando a sua luta é pela justiça e liberdade”.

Prestes lutou uma vida inteira em prol do ser humano. Nunca se rendeu ao capital. Constituiu-se num exemplo de conduta reta na vida pública. Foi eleito senador, após 10 anos de prisão impostos pelo governo Vargas, e ajudou a elaborar a Constituinte de 1946, uma carta magna avançada para a época, graças à atuação e às propostas aprovadas pela bancada de deputados do PCB, como o direito de greve.

No período do golpe militar de 64, ainda secretário geral do partido, exilou-se em Moscou, por determinação do PCB, pois era o primeiro da lista de perseguições políticas do regime de exceção, que cassou o mandato do presidente João Goulart, de muitos políticos e, principalmente, de militantes de esquerda no país. Na sua volta do exílio, em outubro de 1979, o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, foi tomado por uma multidão de 10.000 pessoas, principalmente de correligionários, que queriam ver e ouvir uma das maiores lideranças políticas da América Latina no século passado. O “velho”, como era carinhosamente chamado nesta época por nós que militávamos com ele, discursou, de improviso, do teto de um automóvel e lembrou de citar, um por um, todos os membros do comitê central do PCB, “desaparecidos” pela ditadura que estava no fim.

Por muitos anos minha geração e outras não puderam estudar e conhecer melhor a história do Cavaleiro da Esperança, devido aos anos de arbítrio e restrição dos direitos civis, impostos pelos autoritários de plantão em vários períodos do século 20 no país, fantoches dos interesses imperialistas, que enxergavam e ainda enxergam em Prestes uma ameaça constante à manutenção de um sistema baseado na exploração do homem pelo homem.

A perseguição implacável exercida pelos representantes do capital, durante toda a sua vida, não foi suficiente para fazer calar em Prestes suas convicções socialistas, nem arrefecer seu ímpeto constante no combate ao capitalismo selvagem, que tanta desigualdade, miséria e exclusão social provoca no mundo. Por vezes surgiam divergências entre Prestes e companheiros de lutas quanto às táticas para combater o capitalismo. Nas discussões e embates travados só não abria mão de seus princípios. Não havia possibilidade de conciliar com o inconciliável. Por vezes, esta postura o deixou isolado politicamente. Não importava: seu maior compromisso era com o povo e com as lutas travadas para a sua efetiva libertação e avanços.

Sua maior virtude foi lutar e se entregar pelo que acreditava ser responsabilidade de todos: um mundo melhor. PATRIOTA, COMUNISTA E REVOLUCIONÁRIO, Prestes deixou um exemplo de dedicação integral ao povo brasileiro e à causa internacionalista do socialismo. Neste momento em especial, a classe política de nosso país deveria se mirar na sua conduta. Prestes, apesar de toda a sua liderança e importância histórica, faleceu sem possuir bens e sobrevivia apenas com a colaboração de alguns sinceros e dedicados companheiros de luta e ideais. Inclusive chegou a recusar ofertas e possibilidades legais de pensões e indenizações oferecidas pelo governo como reparação ao que passou nas mãos de seus algozes.

A fim de preservar o seu legado e acervo documental histórico, um grupo de companheiros e correligionários, capitaneados por Anita Prestes, fundou o INSTITUTO LUIZ CARLOS PRESTES, no Rio de Janeiro. As finalidades e atividades do ILCP pretendem envolver, fundamentalmente, a preservação documental e do acervo relacionado às vidas de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário Prestes, além da realização, no futuro, de atividades educacionais que visem promover o legado de Prestes junto às novas gerações e a inclusão social, através da implantação de projetos e programas. Além disso, o ILCP vai manter parceria e apoio constantes aos movimentos sociais, principalmente à luta pela reforma agrária, como instrumento fundamental para promover a inclusão social, através da maior riqueza e patrimônio desta nação e do seu povo: a terra.

No mais, fica a nossa convicção de que a conduta e o exemplo de Prestes servem à história deste país como referências permanentes para a construção de um Brasil bem melhor no futuro.

Seu exemplo de dedicação inabalável e intransigente, na causa de uma sociedade mais justa foi o maior legado que devemos transmitir às atuais e futuras gerações. Essa é a nossa grande responsabilidade! Suas idéias não morrerão jamais! Continuarão em cada um que faça da dedicação integral ao ser humano a verdadeira razão de sua existência, para a efetiva colaboração na construção de uma sociedade e mundo mais justos e melhores!

Prestes vive! Viva Prestes!

Marcus São Thiago

Advogado, Educador e Secretário Geral do ILCP- Rio de Janeiro

Fonte: MST

segunda-feira, 15 de março de 2010

O racismo explícito da Folha e O Globo


E ainda tem gente que acha que não existe racismo no Brasil. Mas a própria mídia elitista desmente os adeptos desta tese fajuta – pregada, entre outros, pelo “senhor das trevas” da Rede Globo, Ali Kamel. Nos últimos dias, ela cometeu dois crimes de racismo. O jornal O Globo simplesmente vetou a publicação de um anúncio pago (pago!) do movimento Afirme-se, que defende as cotas nas universidades brasileiras. Já a FSP (Folha Serra Presidente) se meteu numa enrascada ao dar espaço para o racista Demétrio Magnoli, que esculhambou dois repórteres do próprio jornal.
A peça publicitária do movimento Afirme-se, produzida pela agência baiana Propeg, enfatizava que 60% dos brasileiros apóiam as políticas afirmativas e defendia a manutenção das cotas. O anúncio visava interferir nos debates da audiência pública do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema. Ele foi publicado em vários veículos ao custo médio de R$ 40 mil. Já o jornal da famíglia Marinho, que antes havia orçado a publicação em R$ 54.163,200, ao saber do conteúdo da campanha elevou o preço para R$ 712.608,00 – um aumento de 1.300%.

Preço elevado em 1.300%
Diante deste evidente racismo, a entidade ingressou com representação no Ministério Público do Rio de Janeiro contra O Globo, exigindo a “punição do veículo e a obrigatoriedade da publicação do anúncio a preço simbólico ou gratuito”. Para o jornalista Fernando Conceição, coordenador do Afirme-se, o majoração de 1.300% “é uma coisa irracional, por isso ingressamos com uma representação por abuso de poder econômico”. Segundo o advogado João Fontoura Filha, a atitude do jornal atenta contra a liberdade de expressão e fere vários artigos da Constituição.
Na ação enviada ao subprocurador-geral de Justiça e Direitos Humanos, o advogado afirma que o anúncio visava “informar a sociedade a respeito da constitucionalidade das cotas – tão atacadas nos editoriais e artigos difundidos, entre outros, pelo O Globo”. Mas o jornal preferiu vetar a sua difusão, confirmando a existência de “uma verdadeira campanha que objetiva extinguir, vetar e destruir as poucas iniciativas institucionais de ação afirmativa; e impedir, bloquear e derrotar qualquer possibilidade de criação de novos instrumentos legais de ação afirmativa”.
Magnoli, o novo jagunço das elites

Na mesma semana, os senhores da Casa Grande confirmaram que seguem mandando na mídia. Após publicar matéria dos jornalistas Laura Capriglione e Lucas Ferraz (“DEM responsabiliza negros pela escravidão”), a Folha abriu espaço para o seu jagunço de aluguel, Demétrio Magnoli, atacar seus dois repórteres. No artigo “O jornalismo delinqüente”, o novo mercenário das elites se solidariza com o discurso racista do senador demo Demóstenes Torres, que culpou os escravos pela escravidão, e criticou covardemente os dois jornalistas, sugerindo a sumária demissão.
A atitude da Folha, que terceirizou as suas críticas à política de cotas, causou forte repulsa. Um manifesto de solidariedade aos dois repórteres já circula nas redações. Para o blogueiro Leandro Fortes, a Folha cometeu suicídio editorial ao autorizar um “elemento estranho à redação (mas não aos diretores) a chamar de ‘delinqüentes’ dois repórteres do jornal, autores de matéria sobre a singular visão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) da miscigenação racial no Brasil. Vocês, eu não sei, mas eu nunca vi isso na minha vida, nesses 24 anos de profissão. Nunca”.

Enquadramento de repórteres e editores

“Das duas uma: ou a Folha dá direito de resposta aos repórteres insultados, como, imagino, deve prever o seu completíssimo manual de redação, ou encerra suas atividades. Isso porque Magnoli, embora freqüente os saraus do Instituto Millenium, não entende nada de jornalismo e confundiu reportagem com opinião”, opina Leandro Fortes. Para ele, o repulsivo artigo de Magnoli visa a “intimidação pura e simples voltada para o enquadramento de repórteres e editores, e não só da Folha, para os tempos de guerra que se aproximam” –, referindo-se a batalha eleitoral em curso.
A delinqüência de Magnoli também atingiu um dos principais articulistas da Folha, Elio Gaspari, que ironizou o demo: “Demóstenes Torres estudou história com o professor de contabilidade de seu ex-correligionário Arruda. O senador exibiu um pedaço do nível intelectual mobilizado no combate às cotas”. Para o jagunço, a reportagem e, de quebra, a coluna de Gaspari não deveriam ter sido publicadas sem prévia autorização da direção do jornal. Ou seja: ele exige maior censura na decrépita Folha. Os racistas, bastante reais e atuantes, estão nervosos no combate às cotas.

Fonte:Blog do Miro

segunda-feira, 8 de março de 2010

Diretoria Plena da UNE debate a CONAE e os rumos da Educação no Brasil.



O papel da UNE na Conferência Nacional da Comunicação (CONAE), de 28 de março a 1º de abril, foi o tema principal dos debates no primeiro dia da Reunião da Diretoria Plena da entidade. Ainda neste sábado, a UNE lança em conjunto com a UBES e a ANPG a Jornada de Lutas 2010 do Movimento Estudantil, que vai levar às ruas milhões de brasileiros visando avanços pelo Brasil!

A CONAE 2010 e suas contribuições para a melhoria da qualidade do ensino em nosso país marcaram o 1º dia das discussões da Reunião da Diretoria Plena da UNE, que reuniu estudantes do Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sul do país.  
Entre os temas levantados o acesso e a permanência do estudante na universidade, o investimento da União em Educação, a falta de democracia nas Instituições de Ensino Superior (IES) e o financiamento do ensino.

Fato é que os participantes chegaram a um consenso: é preciso mobilizar, levar os estudantes às ruas nesta luta. Somente assim conseguiremos transformar a atual realidade do ensino.

Jornada de Lutas 2010 do Movimento Estudantil

As mobilizações de rua programadas para o próximo período são uma grande oportunidade de mudança. É essa a motivação da juventude para o lançamento da Jornada de Lutas 2010 do Movimento Estudantil!

Em breve, leia mais sobre os debates e decisões da Reunião da Diretoria Plena da UNE 2009-2011.

domingo, 7 de março de 2010

No dia de luta das mulheres, rosa, só se for a Luxemburgo.


Marcha de Campinas a São Paulo reunirá cerca de 2 mil mulheres por dez dias; ação faz parte de mobilização internacional
03/03/2010

Dafne Melo
da Redação/Brasil de Fato


Marcha_das_Mulheres_Leandro-SilvaA partir do dia 8 de março, centenas de mulheres começam a marchar de Campinas (99 km de SP) a capital paulista, em uma mobilização que pretende durar dez dias. Para muitas, porém, a caminhada já começou. “Já estamos em marcha, organizando as caravanas dos Estados e toda a infra-estrutura” , explica Sônia Coelho, da Sempreviva Organização Feminista (SOF). A mobilização faz parte da 3º Ação Internacional da Marcha Mundial de Mulheres, organização que aglutina movimentos feministas nos cinco continentes. No Brasil, diversos movimentos sociais e organizações se juntam à ação, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), a Articulação do Semi-Árido (ASA) e Consulta Popular, dentro outros. O evento tem caráter nacional e conta com a participação de mulheres de todos os Estados brasileiros.

Sônia explica que além de pautar as reivindicações das mulheres, a marcha pretende ser um momento de formação para as militantes. A caminhada acontecerá sempre pelas manhãs e pela tarde serão organizados debates e painéis com temas relativos às lutas mais urgentes do movimento feminista.

Pautas
Dar visibilidade social às pautas feministas e articular movimentos de mulheres de diferentes naturezas em torno de uma plataforma de luta comum são dois dos principais objetivos da marcha, além da criação de espaços de formação politica. A plataforma de luta está centrada em quatro grandes temas: autonomia econômica das mulheres, luta contra violência sexista, luta contra privatização da natureza e dos serviços públicos e paz e desmilitarizaçã o. De acordo com Tatau Godinho, militante da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), os debates e articulações em torno dos temas serão ricos justamente por colocar em um mesmo espaço a perspectiva que mulheres de diferentes setores – estudantil, rural, sindical, do movimento negro, etc – têm sobre esses temas.

De acordo com Sônia Coelho, as discussões feitas ao longo dos 10 dias devem ser sistematizadas em um texto que deverá ser entregues para os governos federal, estaduais e municipais. “Queremos detalhar essas reivindicações no processo da marcha”, aponta Sônia.
A organização espera que pelo menos 2 mil mulheres marchem durante os 10 dias. Toda a estrutura, desde a montagem e desmontagem de barracas, cozinha, organização dos debates será elaborada somente por mulheres.

Auto-organizaçã o
Tatau Godinho, militante da MMM, explica que o espaço de formação não se dá apenas nos debates, mas também no próprio processo de auto-organizaçã o das mulheres na construção da marcha. “A existência de um movimento de mulheres forte depende de nossa capacidade de auto-organizaçã o, por isso a importância de realizar uma marcha dessa magnitude. Temos dito às companheiras que ainda não sabem se poderão marchar o quanto essa experiência é insubstituível” . Sônia Coelho, da SOF, agrega que o momento também é propício para gerar solidariedade entre as companheiras de diferentes movimentos.

A presença masculina não é proibida durante a marcha, mas a infra-estrutura – alimentação, banheiros, barracas, transporte de bagagem, etc – será oferecida somente às mulheres. “A presença dos companheiros é muito bem vinda nos atos de lançamento e de chegada que vamos organizar”, diz Sônia. “Mas precisamos nos fortalecer entre nós mesmas para enfrentar as desigualdades de gênero que existem na sociedade e que se reproduzem dentro das organizações de diversas formas”, finaliza.

África
A 3º Ação Internacional da MMM acontecerá durante todo o ano, mas se concentrará em dois meses: março e outubro. Nesse primeiro mês serão feitas mobilizações nacionais simultâneas. Em outubro, uma ação internacional reunirá militantes de diversos países na República Democrática do Congo, na região da província de Sud-Kivu, que se centrará na questão da paz e desmilitarizaçã o, denunciando a situação a que estão submetidas as mulheres nessa região, onde a violência contra as elas têm sido usada como arma de guerra. “Calcula-se que 70% das mulheres e adolescentes dessa região já tenham sofrido violência sexual”, protesta Sônia Coelho.

Em agosto, na Colômbia, um encontro contra a guerra e pela paz pretende reunir lutadoras de todo continente para discutir a militarização. Na Europa, o encontro ocorrerá em junho, na Turquia, e na Ásia o local escolhido foi Filipinas, onde os debates ficarão em torno da luta contra o livre comércio, instalação de bases militares e tráfico de mulheres.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Desnorteada e rançosa, grande mídia organiza campanha contra Dilma.

Encontro promovido em São Paulo por setores da grande mídia, na segunda-feira (1º), expôs o preconceito, a desinformação e o desespero da direita brasileira com a possibilidade de vitória da ministra Dilma Rousseff nas eleições presidenciais deste ano. Com profundo ranço ideológico, e sem reservas, os expositores falaram da necessidade de organizar o discurso e a ação para evitar um eventual terceiro governo democrático popular.
Leia abaixo reportagem publicada pela jornalista Bia Barbosa no site da Carta Maior:
Se algum estudante ou profissional de comunicação desavisado pagou os R$ 500,00 que custavam a inscrição do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium, acreditando que os debates no evento girariam em torno das reais ameaças a esses direitos fundamentais, pode ter se surpreendido com a verdadeira aula sobre como organizar uma campanha política que foi dada pelos representantes dos grandes veículos de comunicação nesta segunda-feira, em São Paulo.
Promovido por um instituto defensor de valores como a economia de mercado e o direito à propriedade, e que tem entre seus conselheiros nomes como João Roberto Marinho, Roberto Civita, Eurípedes Alcântara e Pedro Bial, o fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). E dedicou boa parte das suas discussões ao que os palestrantes consideram um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff.
A explicação foi inicialmente dada pelo sociólogo Demétrio Magnoli, que passou os últimos anos combatendo, nos noticiários e páginas dos grandes veículos, políticas de ação afirmativa como as cotas para negros nas universidades. Segundo ele, no início de sua história, o PT abrangia em sua composição uma diversidade maior de correntes, incluindo a presença de lideranças social-democratas. Hoje, para Magnoli, o partido é um aparato controlado por sindicalistas e castristas, que têm respondido a suas bases pela retomada e restauração de um programa político reminiscente dos antigos partidos comunistas.
“Ao longo das quatro candidaturas de Lula, o PT realizou uma mudança muito importante em relação à economia. Mas ao mesmo tempo em que o governo adota um programa econômico ortodoxo e princípios da economia de mercado, o PT dá marcha ré em todos os assuntos que se referem à democracia. Como contraponto à adesão à economia de mercado, retoma as antigas idéias de partido dirigente e de democracia burguesa, cruciais num ideário anti-democrático, e consolida um aparato partidário muito forte que reduz brutalmente a diversidade política no PT. E este movimento é reforçado hoje pelo cenário de emergência do chavismo e pela aliança entre Venezuela e Cuba”, acredita. “O PT se tornou o maior partido do Brasil como fruto da democracia, mas é ambivalente em relação a esta democracia. Ele celebra a Venezuela de Chávez, aplaude o regime castrista em seus documentos oficiais e congressos, e solta uma nota oficial em apoio ao fechamento da RCTV”, diz.
Leia na íntegra acessando aqui.
Fonte: http://dilma13.blogspot.com/